A DANÇA DA QUADRATURA CÓSMICA
23 de Abril de 2014: Grande Cruz Cardinal
Sarah Varcas, 23/04/2014
Prometo que vou parar de falar sobre a Grande Cruz Cardinal (também conhecida como Grande Quadratura), só que ainda não agora!
Aqui está o mapa outra vez, como um auxílio visual. Os quatro lados do quadrado são conhecidos como quadraturas (o que não é de se surpreender) e as duas linhas centrais, como oposições. Então aqui temos quatro quadraturas e duas oposições, todas trabalhando juntas para criar o vórtice de energia no qual estamos imersos neste instante. O que quer dizer isto?
Bem, para começar, uma quadratura entre dois planetas relaciona-se com irritação e frustração. Alguma coisa no nosso ambiente – seja uma outra pessoa, um conjunto de circunstâncias, um acontecimento, ou qualquer coisa que percebamos como “outro e não eu” – chega e coloca um obstáculo no nosso caminho. Nossos planos vão por água abaixo quando alguém parece ter precedência, ou um acontecimento inesperado nos pega de surpresa, transtornando nossa vida. Somos confrontados com algo que nos causa estresse, ansiedade, raiva, frustração e não temos outra escolha senão reagir e lidar com isso da melhor forma que pudermos. É por isto que as quadraturas, embora desafiadoras, são também sementes de crescimento e desenvolvimento, pois é justamente nesse tipo de circunstância que descobrimos forças que desconhecíamos em nós, sabedoria interior que ainda não tínhamos tido oportunidade de invocar, e criatividade da qual não éramos conscientes.
Entretanto, o problema com as quadraturas somos nós mesmos! Porque, enquanto elas exigem que lidemos com as emoções e a questão envolvida a fim de recalibrarmos nossa vida, o que geralmente fazemos é evitá-las, ignorá-las e suprimi-las. As emoções desencadeadas por uma quadratura podem ser tão poderosas que nos assustem, ou tão sombrias que nos façam temer que, se as reconhecermos, ficaremos perdidos na escuridão para sempre. Então nós as engolimos, cerramos nossos dentes e tentamos seguir em frente. Ou senão, nós reagimos no momento e explodimos furiosamente, tornando bem mais remota a possibilidade de um progresso positivo no devido tempo. E com frequência fazemos ambos: suprimimos e evitamos, criando assim uma tensão crescente, e aí explodimos com raiva, frustração, desespero (Dá para explodir com desespero? Não tenho certeza… mas acho que vocês entenderam o que estou querendo dizer!). De modo geral, os seres humanos não são bons para lidar com quadraturas, embora quando entendemos como funcionam, elas possam trazer as mudanças mais grandiosas e positivas em nossa vida.
Portanto, quando temos quatro quadraturas trabalhando juntas deste jeito, podemos entender porque isto pode ser tão desafiador. Se imaginarmos que estamos no centro desse alinhamento (que é efetivamente onde a Terra se situa num mapa geocêntrico como este), todos os lados estão bloqueados por um quadrado, então não importa para que lado viremos, sempre vamos encontrar o que nos parecem bloqueios ao nosso progresso e desafios à nossa ideia pessoal do que deveria estar acontecendo em nossa vida. Não há outro jeito a não ser enfrentar esses desafios, desenvolvendo novas habilidades, entendimento, força, consciência e sabedoria à medida que avançamos. Sim, pode ser inacreditavelmente frustrante! Podemos experimentar emoções mais poderosas do que jamais sentimos, medo paralisante, raiva abrasadora, desespero intenso! Mas do outro lado dessas emoções, encontramos sabedoria, percepção e uma profunda paz, nascidas da viagem através da escuridão da nossa própria dor interna com nossos olhos bem abertos e o coração disposto a ver, talvez pela primeira vez, a verdadeira extensão de tudo o que se encontra dentro de nós.
A quadratura em questão é formada por Marte em quadratura com Plutão e Júpiter, Júpiter em quadratura com Urano, e Urano em quadratura com Plutão. Esta é uma combinação incrivelmente poderosa de influências planetárias. Nenhum planeta se iguala a Plutão no que diz respeito aos desafios que este nos traz. Plutão nos leva às profundezas da nossa psique, encontra nossas partes mais dolorosas, que realmente não desejamos relembrar, e em seguida as leva à luz do dia para que todos possam vê-las. Plutão nos quer livres, mas seu jeito de tratar disso pode nos parecer um tanto sádico! Ele exige que nos desapeguemos de tudo aquilo com que nos identificamos, se essa identificação estiver nos restringindo de alguma forma. Plutão não aceita o medo de mudança como desculpa para não fazermos isso; e muito menos “não posso viver sem isso”, como justificativa para não nos desapegarmos. Plutão nos leva ao submundo de nossa vida e exige que enfrentemos tudo o que exilamos ali.
Portanto, quando Plutão está em quadratura com Urano – o planeta das mudanças súbitas, rompimento e liberdade radical – e com Marte – o planeta da agressão, afirmação e vontade pessoal – podemos começar a entender porque as coisas têm sido tão intensas e tantas coisas têm vindo nos desafiar. De fato, nosso próprio sentido de eu e identidade está sob julgamento neste instante, sendo desafiado a se elevar a um nível superior, de modo que a identidade não nasça do medo e de uma necessidade de controlar e impor nossa vontade ao mundo à nossa volta, mas reflita profundamente um compromisso com a libertação, custe o que custar.
E o que dizer de Júpiter? Bem, aqui temos um caráter ligeiramente diferente, ao qual podemos ser gratos! Pois em Câncer, Júpiter nos lembra que, embora tenhamos sim que trabalhar pela libertação de tudo que nos prende, precisamos fazer isto de tal modo que nossa sensibilidade ao nosso próprio sofrimento e ao dos outros se mantenha intacta. O fato de estarmos numa panela de pressão neste momento não quer dizer que não possamos usar a água fervente para preparar uma boa xícara de chá e fazer uma espécie de pausa. Não podemos ficar no submundo de Plutão 24 horas por dia, 7 dias da semana. Às vezes só precisamos de um tempo para nos reconectar com os aspectos mais delicados deste universo, especialmente num momento em que o universo nos parece um lugar tão brutal!
Num certo sentido, isto também é um desafio, porque quando estamos no meio do sofrimento, muitas vezes nos esquecemos de que é possível dar um passo para fora dele a qualquer momento, e ficar apenas com o que está acontecendo, em vez de ter que fazer alguma coisa com isso. Esta parte do processo é tão importante quanto o resto dele. Portanto, se estivermos no meio de tudo isso agora, precisamos nos lembrar de marcar uma pausa para o chá, dar uma caminhada, observar o pôr do sol ou nossos animais de estimação dormindo. Júpiter nos recorda que, mesmo na maior das intensidades, o momento presente, este instante agora mesmo, no qual estamos vivendo e respirando, ainda é um local de paz, onde podemos nos renovar e reabastecer em nossa jornada.
A Cruz Cardinal está exata em 23 e 24 de abril, mas sua influência vem aumentando nos últimos meses e continuará a ser sentida nas próximas semanas, embora menos intensamente, à medida que comece a se dissolver.
Mais tarde, ainda hoje, falarei sobre as oposições e suas influências no quadro geral. Até lá!
Sarah Varcas
Tradução de Vera Corrêa veracorrea46@ig.com.br
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